Barragem Bico da Pedra chega ao seu nível mais baixo desde a década de 70

Barragem Bico da Pedra. (Foto: Pablo de Melo)

Em Janaúba, no Projeto Gorutuba, a fruticultura tem sido mantida com ajuda de poços artesianos. Isso porque a barragem do Bico da Pedra que abastece o projeto chegou ao nível mais baixo desde a década de 1970: 16%. “Se chegar ao volume morto, corre o risco de interromper a irrigação", alerta Ricardo Carneiro, gerente do distrito de irrigação.

São 3.906 hectares de área irrigada. Situação que tem tirado o sono do agricultor José Gonçalves. Ele é produtor de banana e a lavoura tem quatro hectares. A propriedade dele, durante o racionamento, fica até dois dias sem receber água. "A gente até inclusive optou por abrir um poço artesiano na propriedade, tendo em vista que com o poço consegue manter pelo menos em partes o que vinha sendo produzido", diz.

Não há previsão de boas chuvas para essas regiões nos próximos quinze dias, segundo a Climatempo. Lembrando que nessa época do ano é normal chover pouco.


Outras cidades também sofrem com a seca
É do ponto de captação de água, próximo ao centro de Montes Claros, norte de Minas, que o caminhão pipa abastece para suprir as necessidades da zona rural. A média de viagem tem sido de 200 quilômetros por dia. Pela primeira vez, na história do município, foi montada uma operação pipa para socorrer produtores rurais. São vinte comunidades em situação crítica.

O produtor rural Gilberto Soares dos Santos nunca passou tanta dificuldade. A água que recebe é somente para o consumo da família dele e dos animais que ainda vivem na propriedade. "Não tem como plantar, não tem água, não tem irrigação, nem chove como antigamente. E a gente tá recorrendo à cidade mesmo para ir trabalhar", comenta.
A dificuldade em ter acesso a água já levou 122 municípios no norte de Minas e Vale do Jequitinhonha a decretarem estado de emergência, segundo a defesa civil do estado. A Emater fez um levantamento do panorama da seca na região.

Das pastagens que sustentariam o gado, 75% se perderam. O rebanho que era de três milhões e meio de cabeças, no momento não passa de um milhão e oitocentas mil. A expectativa de colheita de grãos era de 500 mil toneladas, 75% foram perdidas.

No levantamento feito pela Emater, um problema causa grande preocupação. Dos 2.250 cursos d’água mapeados, 70% já secaram definitivamente ou pararam de correr por um tempo. E essa falta de acesso a água faz com que os produtores rurais invistam em poços artesianos, e isso acaba sobrecarregando o lençol freático.

"Pouca chuva, mal distribuída... Os lençóis freáticos não estão sendo recompostos. Nós precisamos pensar em medidas de médio para longo prazo", declara José Carlos Dias Santos, técnico agrícola.




Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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